quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Blur

Antes de mais nada, vamos tirar os elefantes da sala — metaforicamente falando. Blur é, sim, uma mistura de Project Gotham Racing e Mario Kart, como já mencionamos anteriormente em prévias. Ele também é o sucessor espiritual dos games de corrida produzidos pela Bizarre Creations. E, para completar, aproveita o estilo visual colorido e rico em luminosidade de Geometry Wars. Agora que já dissemos isso, vamos ignorar as analogias para não ficar repetindo a mesma coisa todo parágrafo.

Isso significa que não se pode afirmar que o título seja particularmente original, embora o fato de reunir vários elementos bem-sucedidos em um só game constitua uma premissa interessante. Os jogadores gostam de correr de carro? Sim. Gostam de combate? Sim. Gostam de competição? Obviamente. Então a única preocupação de Blur é executar a proposta adequadamente, já que a receita para o sucesso existe.

E Blur o faz. Não perfeitamente (pouquíssimos jogos conseguem isso), mas de forma boa o suficiente para prender o usuário por inúmeras horas em frente à tela. Quem nunca desejou poder armar toda a bagunça causada por cascos de tartaruga e cascas de banana em um jogo que representasse de forma mais “realista” (as aspas são bastante necessárias) os carros e pistas?

Assim, o game pega carros de marcas reais (como Volkswagen, Audi, Dodge) e os coloca em pistas baseadas em locais de verdade (como Tóquio, Los Angeles, San Francisco); tudo regado a muitos power-ups que só não arrebentam o cenário inteiro porque apenas algumas partes dele são destrutíveis. Os carros, em compensação...

Vale lembrar que o título possui uma jogabilidade estritamente arcade; em nenhum momento ele se propõe a competir com simuladores de pilotagem, mesmo quando dentro de modos de jogo que focam na corrida. Assim, é preciso ter em mente que os objetivos principais aqui são a diversão e a emoção, como é típico em jogos deste estilo.


É impossível, também, evitar as comparações com o recém-lançado Split/Second. Afinal de contas, ambos são jogos de corrida com um foco especial na destruição dos oponentes — mesmo que a forma de execução seja diferente. Enquanto em Split/Second você destrói o ambiente, que por sua vez acerta os carros, em Blur a coisa é mais direta: os power-ups utilizados vão diretamente ao encontro dos oponentes.

Mas, no fundo, eles são fundamentalmente diferentes. Split/Second é mais explosivo e com um foco no espetáculo, frequentemente expondo catástrofes envolvendo inúmeros competidores. Já Blur é um pouco mais pessoal e evolutivo, já que os golpes geralmente atingem um ou dois competidores, com raras exceções, e o veículo pode ser gradualmente destruído.



Aprovado


Bagunça

Pancadaria, armadilhas, fechadas, capotagens. Todos os modos de jogo de Blur são extremamente bagunçados. Ser um espírito de porco não é apenas útil, mas necessário, já que jogar limpo quase nunca traz benefícios. O que torna cada pista um campo de batalha no qual os adversários estão combatendo a mais de 200 quilômetros por hora.

Este é sem dúvida o principal atrativo do título. Quem não quer ser incomodado enquanto tenta realizar os melhores tempos nas pistas certamente deve procurar outro jogo, pois até mesmo a inteligência artificial usa táticas de direção agressiva. Fazer os oponentes bater uma, duas, cinco, vinte vezes... É isso que compõe o cerne da experiência do game, independente de carro, circuito e modo de jogo.

Homenagem a um clássico

Quem já jogou Mario Kart certamente se lembra de várias características do game, como os cascos vermelhos, os turbos e tudo o mais. Como a proposta do jogo não é inovar agressivamente, pagar tributo a jogos anteriores que inspiraram o desenvolvimento certamente parece mais do que adequado.


E isso fica claro dentro do game. Prêmios com o formato de um casco de tartaruga, power-ups claramente baseados no que já conhecemos dos games de kart do encanador, sistema de pontuação de fãs que lembra o de kudos de Project Gotham Racing... Tudo remete o usuário a outros títulos excelentes que fizeram sucesso em épocas anteriores.

A grande sacada é inserir esses elementos ao mesmo tempo em que são adiciona das características novas para não tornar o jogo apenas uma cópia barata. Objetivo que foi atingido, já que a inspiração é visível, mas não há como considerar o resultado final um plágio.

Variedade

Mesmo que quem compre o game esteja querendo destruir adversários, nem todos têm a mesma preferência em termos de modos de jogo; e os desenvolvedores entenderam isso. Existem inúmeros modos a serem escolhidos, tanto no single player quanto no multiplayer, proporcionando a cada um a experiência que mais agradar.

Corrida para 8 jogadores, destruição de carros controlados pela IA, time attack, corrida para 10 jogadores, corrida para 20 jogadores, corrida sem power-ups, modo de combate semelhante a Destruction Derby... A lista é longa. E cada um destes modos possui características próprias e é mais propício para determinado tipo de veículo.

Veículos esses que são igualmente variados. Existem quatro categorias de carros, que vão desde os modelos mais comuns adaptados a corridas até supercarros que atingem velocidades espetaculares. Todos com características específicas (determinadas pelos atributos Aceleração, Velocidade Máxima, Aderência e Dificuldade de controle) que tornam cada um melhor para pistas e eventos específicos.

Evolução (longevidade)

Quando falamos de evolução, estamos querendo apontar as conquistas realizadas pelo jogador dentro do título. Existe uma vasta lista de desafios a serem completados pelo usuário, desde aqueles que consistem de troféus e conquistas (dependendo do console) até o destravamento de carros, pinturas e modos de jogo.

Isso vale ainda mais para a parte multiplayer (que é, pode-se dizer, a principal). Existem 50 níveis de perfil; e quando o usuário o atinge, é possível recomeçar com o status de “lendário”, liberando novos carros e partindo para novos desafios. Pelos rankings online, as pessoas que o atingiram mais rápido levaram em torno de 17 horas.

É tanto conteúdo que é preciso dedicar uma quantia razoável de tempo para liberar tudo o que o título oferece. Essa parte é boa, já que dá uma vida longa ao produto e o jogador acaba com um bom custo-benefício. Mas existe outro lado da moeda (que cobriremos em um ponto negativo) que não é tão brilhante.

Estratégias recompensadoras

Muito mais do que em outros jogos similares que vieram antes dele, Blur recompensa a utilização de estratégias de jogo de forma muito mais expressiva. Isso vale desde a escolha dos carros. As pistas frequentemente alternam pedaços de asfalto com outros de terra, água, areia... E existem os veículos off-road, que são excelentes para cobrir esses terrenos.

Aí já é possível diferenciar o jogador experiente do novato, pois a escolha do veículo influencia bastante na partida. E a coisa não para nisso. A hora de pegar os power-ups dentro de uma determinada fase — e a consciência da localização de cada um deles — também é determinante no resultado do jogo. Está em primeiro lugar? Foque em escudos e poderes defensivos. Está no meio do bolo? É interessante tentar eliminar a concorrência com ataques.
Assim, ir “na louca” é algo bastante arriscado, pois os adversários podem utilizar sabiamente cada uma de suas habilidades para ganhar uma vantagem enorme, que pode se tornar irreversível com o passar do tempo. E decisões devem ser tomadas rapidamente conforme as condições da corrida mudam.

Estilo visual

Embora a grande quantidade de cores e o estilo que elas apresentam não sejam novidade no mundo dos games — especialmente para quem já jogou Geometry Wars —, elas foram encaixadas de forma interessante nos efeitos do jogo. Desde os faróis de cada um dos carros até os power-ups, os efeitos visuais são bem chamativos e envolventes.

Mesmo quando existem inúmeras ações ocorrendo ao mesmo tempo na tela, é possível distinguir cada uma delas através do esquema de cores e do comportamento das luzes. Por mais que jogadores novatos não saibam que o power-up laranja é uma mina e que ela os fará rodar, saberão instintivamente que é uma boa ideia evitar a bola de fogo parada no meio da pista.

Multiplayer

Blur vive pelo seu multiplayer. Isso é algo inegável, e assim como em Split/Second o título é muito mais divertido quando jogado com outras pessoas. O suporte para split-screen de quatro pessoas é algo extremamente bem-vindo e divertido (mais uma homenagem a Mario Kart), além de incomum em jogos de corrida da atual geração.

Mas a pérola é mesmo a conexão pela internet. A possibilidade de enfrentar até outros 19 oponentes (para um total de 20 corredores em um mesmo evento) é simplesmente fascinante. Se a bagunça já é generalizada com quatro pessoas, com 20 a coisa descamba para, pela falta de palavras formais mais adequadas, a palhaçada descarada.

É gente rodando, explodindo e derrapando a cada segundo, incessantemente e das formas mais diferentes. Quem tem microfone xinga, quem não tem xinga também. Não há como conter os sentimentos na hora em que a coisa aperta — especialmente quando você está fazendo a última curva da última volta e é acertado por seis ataques seguidos, terminando a corrida em penúltimo... Não que isso tenha acontecido no Baixaki Jogos.

Aspecto social

Para quem gosta de expor suas habilidades, o game possui um sistema de compartilhamento de informações bastante extenso. É possível declarar rivais através do sistema de amigos da PSN e da Live, compartilhar resultados através do Twitter e Facebook (por meio de uma integração da conta do jogo com as respectivas dos serviços) e até mesmo desafiar outros usuários.

Tudo rapidamente, ao apertar um botão; sem complicações. Esse aspecto social é ainda mais reforçado através de uma série de rankings online que guardam estatísticas sobre tudo o que acontece dentro do sistema — quem possui o maior número de fãs, quem possui o maior número de pontos de piloto, quem chegou mais rápido ao nível lendário (e quantas vezes)... Quer mostrar o que fez? Aqui você pode.



Reprovado


Single player cansa rápido

Se alguém começar jogando pelo single player, e se limitar a ele até terminar, pode até conseguir acabá-lo — mas o fará com um certo esforço. Isso porque ele se torna monótono depois de um tempo, mesmo que o usuário goste de todos os modos de jogo. Quando a pessoa experimenta o multiplayer, é difícil voltar a jogar sozinho; mesmo que seja para terminar a campanha.

Em primeiro lugar, existem poucas corridas de fato dentro dos episódios. Eles são bastante permeados por eventos de destruição ou de corrida contra o tempo, que (ao menos na opinião da nossa equipe) realmente não são tão divertidos. O que faz com que o jogador se canse bem mais rápido do que deveria do single player.

Evolução (exclusão)

Dissemos que havia um lado menos brilhante da moeda da evolução. Pois bem. Enquanto é divertido liberar carros novos, completar desafios e tudo o mais, começar do zero contra oponentes que estão bem acima de você em termos de conteúdo destravado não é assim tão interessante. E algumas pessoas podem se desanimar pelo tempo que leva para avançar.
Mesmo que existam categorias diferentes para iniciantes e o resto das pessoas, quem está em níveis mais altos possui uma maior diversidade de opções para escolher as modificações dos carros. E também dos próprios veículos. Ou seja, às vezes é frustrante você perder uma corrida por simplesmente não ter os recursos à disposição, por mais que saiba qual é a estratégia correta a utilizar.

Ausência de incentivos

O subtítulo completo deste ponto deveria ser: ausência de incentivos para jogar os outros modos de jogo online. Mas ficaria muito longo, por isso o encurtamos. Seja como for, isso é uma realidade. A grande maioria dos jogadores fica nos modos de corrida para dez e vinte pessoas, sendo que modos como Team Motor Mash — no qual duas equipes se destroem em uma arena — ficam desertos. Não conseguimos nem mesmo testar o modo World Tour (no qual tudo é aleatório), pois havia 0 usuários dentro dele.


Vale a pena?


Blur é um excelente jogo de corrida arcade para quem gosta de ganhar através da pancadaria e da destruição de oponentes, sobre isso não existe dúvida. O jogo vale a compra, seu custo-benefício é muito bom e é quase impossível se arrepender da aquisição. No entanto, ele é muito mais sério do que, por exemplo, Mario Kart, então aqueles que gostavam bastante do humor daquela série podem pensar em alugar primeiro.

Seja como for, o produto é muito bom por si só, e quando comparado a outros títulos do gênero possui como concorrência maior apenas o Split/Second, ao qual se assemelha em termos de visuais (descontando as luzes e cores, levando em consideração os modelos de carros e pistas). A experiência multiplayer é mais sólida e longeva, mas menos espetacular.

A consideração final é de que Blur é um excelente título de corrida arcade, que expande conceitos que já bem conhecidos  e, mais importante, com os quais estamos bem familiarizados. Quem tem uma boa conexão com a internet ou possui vários amigos com os quais jogar em tela dividida para quatro pessoas certamente se divertirá à beça. Mas se o objetivo é jogar sozinho e sem estar online, existem opções melhores, já que a maior parte do título será desperdiçada.

Plataformas :  Xbox 360 , PC , PS3





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